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O pobre coitado do orçamento pessoal no contexto de qualquer planejamento financeiro ou mesmo de uma organização das contas é, em grande parte das vezes, tomado como o maior vilão das finanças pessoais. Não é por acaso ou maldade, é por chatice mesmo, quem aguenta fazer e acompanhar planilha de gastos? Afff. A boa notícia é que dependendo da sua situação pessoal não precisaremos ficar acompanhando e controlando nossos gastos pelo resto da vida. Hoje, com a tecnologia de open finance há soluções que já fazem isso para a gente de forma fácil e automática. Neste texto de hoje vou comentar sobre os 3 cenários lógicos do orçamento pessoal, são eles: quem gasta mais do que ganha, quem empata e quem gasta menos do que ganha. Parece óbvio o pior cenário, mas vou te mostrar que não é bem assim que nós planejadores vemos.
Embora haja correntes de finanças pessoais (principalmente fora do Brasil) que dizem não haver necessidade em se fazer orçamento pessoal, de forma geral, nós planejadores financeiros costumamos dizer que “orçamento é rei”. Ele é rei porque é fundamental em um cenário de organização pessoal ou de endividamento saber para onde os gastos estão indo. Algumas pessoas dizem que sabem onde e quanto gastam em cada categoria de gastos (alimentação, restaurantes, transporte, saúde, etc.). Tudo bem, pode ser que o cliente realmente saiba se ele tem algum controle à parte. Se não existir esse controle, nós precisamos necessariamente avaliar os gastos porque nós, humanos, somos muito adeptos à contabilidade mental, que não é a ideal pois estamos todos sujeitos a erros e pior, sujeitos às emoções que interferem nessa contabilidade.
Receita > Despesa
Esse é o cenário obviamente ideal. O que precisa ser feito neste orçamento é a definição de montante mensal para investimento. Antes disso, porém, será preciso estabelecer valor para uma boa e importante reserva de emergência ou colchão de segurança, com dinheiro líquido, para qualquer necessidade emergencial! Emergencial em negrito para fortalecer a característica. Não deveria ser usada para qualquer motivo de descontrole. Qual valor separar para reserva de emergência? Pense na possibilidade de você ser demitido, qual seria o tempo necessário para se realocar no mercado de trabalho? Se você tem estabilidade no emprego, pessoalmente eu sugiro pelo menos 3 meses dos seus gastos obrigatórios (fixos). Por que só dos gastos obrigatórios? Porque em um cenário de demissão, em tese, você poderia cortar todos aqueles gastos não obrigatórios.
Definir um montante mensal de investimentos é chave para conseguir alcançar seus projetos e objetivos. Dentro de um planejamento financeiro, como já mencionamos antes, devemos direcionar valores para os projetos de curto, médio e longo prazos. Cada uma dessas três caixinhas terão os investimentos específicos de acordo com o tempo, risco e probabilidade de retorno.
Receita = Despesa
É neste cenário que reside a falta de obviedade nos orçamentos. Me explico. Quando estamos empatados, ou seja, não gastamos mais do que ganhamos, tendemos a achar que está tudo indo bem, que a vida pode seguir desse jeito indefinidamente. Cabe a reflexão se estamos preparados para qualquer emergência, se nossos objetivos ou projetos ficarão só no papel mesmo, se teremos garantia de aposentadoria. Ao contrário do que veremos no próximo cenário, quando a receita é menor que a despesa, aqui não há sinais de que existe um problema. Ora, se você não tem uma reserva e não está se preparando para o futuro, há, de fato, um problema, pode até ser que você não queira ver, mas problema há.
A menos, claro, que você já esteja considerando seus investimentos como despesa, ou seja, já direcionando aportes de aplicações financeiras como gastos. Alguns chamam isso de orçamento base zero. Se estiver fazendo isso, maravilha, aliás, parabéns!
Receita < Despesa
Não parece mas é, este cenário de gastar mais do que ganha, para alguns planejadores é menos pior que o anterior por que aqui o problema é evidente! A fratura está exposta e o sangue está escorrendo (fazendo uma analogia com a área de saúde). É preciso agir o mais rápido possível para estancar o sangue e conectar bem os ossos. No cenário anterior, de gastar tudo o que se ganha, por outro lado, não há sangue, só hematoma, você consegue caminhar e as dores são suportáveis. A chance de que você vá até o hospital são baixas. Porém, se tiver quebrado um osso e você não tratar pode causar um grande problema no futuro.
Neste cenário é óbvio que precisamos nos organizar, nos planejar para os próximos meses e buscar evitar ao máximo o endividamento. Se não conseguir evitar o endividamento, o que pode ser feito? Consegue aumentar sua receita? Consegue fazer um trabalho extra? Pedir emprestado para algum familiar? Possui coisas que não está usando e que possa vender? É aqui que como planejador financeiro entramos nos cenários das famílias para auxiliar na organização dos gastos e na definição das melhores e possíveis estratégias a serem tomadas.
Conclusão
No final, o orçamento é necessário não obrigatoriamente para fazer as pessoas gastarem menos, mas para gastarem bem! É a saída do cenário de para onde foi o dinheiro para entrar no cenário de para onde tem que ir! É gastar naquilo que tem valor para você, naquilo que você decidiu ser o melhor e mais importante na sua vida. Nós buscamos juntos uma otimização do orçamento de forma a que as famílias consigam definir onde, quando e quanto querem direcionar para todas as categorias de gastos e, ao mesmo tempo, ter a certeza de que está direcionando esforços para um melhor amanhã para toda família.
Dizem que nós seres humanos somos movidos por hábitos, portanto, se você se habituar a gastar no seu dia a dia dentro dos limites definidos, lógico com algum grau de flexibilidade, em pouco tempo você já não vai precisar ficar acompanhando e controlando seu orçamento. Uma outra boa forma de monitorar ou internalizar isso é ter um estilo de vida abaixo das suas possibilidades ou receitas, do seu salário; dessa forma, haverá sempre um espaço para investir nos teus projetos. Último detalhe, lembre-se de se pagar primeiro; recebeu salário, invista o quanto antes, não aceite que nada nem ninguém tome a sua frente!
Precisando de ajuda para organizar melhor o seu orçamento, sair das dívidas e direcionar sua vida para efetivamente alcançar seus projetos e objetivos? Não duvide em marcar um bate-papo inicial gratuito aqui.
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Um abraço e obrigado pela leitura!
Henrique Cintra Ribeiro, CFP®