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Texto curto desta semana que trago para mostrar a diferença entre preço, custo e valor. A ideia é que o exemplo fique marcado na memória pela facilidade de compreensão.
Warren Buffett, um dos homens mais ricos do mundo e conhecido pela sua capacidade como investidor, tem uma frase famosa sobre a diferença entre preço e valor; para ele, “preço é o que você paga, valor é o que você leva”. Esta semana que passou foi aniversário de uma tia minha muito querida que uma vez, sem querer, há muitos anos, me ajudou a compreender a grande diferença entre preço e valor, e que eu gostaria de compartilhar com vocês, leitores.
Meu filho, que hoje está prestes a completar 20 anos, devia ter por volta de 7 ou 8 anos. Estávamos indo ao CEASA em Brasília, era um sábado e o caminho de casa para nosso destino era de trânsito tranquilo, sempre coloco uma música legal para gente ouvir e curtir e, não raro, cantar juntos. Meu filho com a mão para fora da janela como se pudesse agarrar o vento e cantando, em um dia ensolarado e seco, muito comuns em Brasília. Como no dia seguinte teríamos almoço na casa de minha tia, vovó por escolha dos meus filhos, fomos fazer feira para nossa casa e comprar carne, para o almoço do dia seguinte.
Feita feira, fomos buscar a carne no açougue. Recordo que eram duas ou três peças de filé mignon, o preço um tanto caro, mesmo pelos padrões do CEASA. Gabriel me disse: “Nossa, pai, caro, hein?” “É filho”, disse eu, “caro é, mas há situações na vida em que o preço que se paga não é tão relevante quanto o seu valor”. “Como assim?”, disse ele, “amanhã te explico melhor isso” eu disse pra ele.
Domingo chegou e com ele o almoço incrível que só uma avó com muito zelo e carinho consegue dar. Nos acolheu com perfeição como todos momentos na casa dela são, resultado de puro amor, intenção e atenção. Nossos três filhos são loucos por qualquer comida que a vovó faz, mesmo hoje, já há quase sete anos fora do Brasil volta e meia nos lembramos dos inúmeros almoços que ela nos fez, seja o filé com molho branco ou o strogonoff que só ela sabe fazer. Recordo-me de que naquele domingo no caminho de volta para casa, saciados de uma deliciosa comida, uma tarde de muitas brincadeiras, conversas, risadas, doces e amores, perguntei ao Gabriel: “viu filho, por que o preço da carne não foi relevante no final das contas?” Ele então me respondeu: “entendi, pai, entendi muito bem!”
Creio que com esse exemplo que dei fica mais fácil diferenciar preço e valor. No caso de Warren Buffett, valor seria o potencial de valorização que uma ação possui. Por isso, o valor é o que levamos para casa, pelo tempo que quisermos. Nesse caso, o valor pode ter um retorno tangível maior que o preço, embora não tenhamos essa certeza até a decisão de venda da ação. No meu caso, a certeza de que o valor será maior é certa, pois estamos comprando experiências de vida que elevam nosso eu, nossa família e as lembranças do nosso passado que podem refletir sobre o que seremos no futuro.
Mas e o custo, Henrique? Pois é, ainda não falamos sobre o custo, o custo é a medida de valor com relação o salário de quem está comprando o produto ou serviço. Assim, se ganho R$5.000,00 por mês, divididos pela quantidade de horas de trabalho por semana, multiplicada pela quantidade de semanas no mês, aproximadamente, seriam R$5.000/(40*4), ou R$5.000/160 horas = R$31.25 por hora. Dessa forma, se a carne custou R$100,00 (só um exemplo), o custo da carne foi de um pouco mais de 3 horas de trabalho de quem paga. Vale a pena? A resposta é de análise individual que, entretanto, a depender das circunstâncias, pode impactar muito mais que um simples recibo de carne ou apenas mais uma refeição em casa, como vimos.
E se essa análise de preço e valor fizesse parte do nosso dia a dia? Será que continuaríamos gastando como gastamos? E se antes da tomada de decisão de compra nos perguntarmos se há valor na compra para aceitar o preço que estamos pagando, mudaríamos nossos hábitos de consumo? Penso que, primeiro, precisamos analisar se é preciso ou não mudar hábitos de consumo, ou seja, se não conseguimos construir uma reserva de emergência, se estamos ou não endividados, se não estamos conseguindo alcançar os objetivos que nos propomos, se o preço tem impacto muito maior que o valor… todas essas são perguntas que podemos nos fazer antes das decisões financeiras que tomamos.
Já que estamos falando sobre valor, permitam-me pontuar que há uma parte muito importante do planejamento financeiro que é a identificação dos nossos valores pessoais. O que são esses valores? Valores são aquelas qualidades e princípios intrinsecamente valiosos ou desejáveis para você, ou seja, que possuem um significado particular para você. O cumprimento, a satisfação ou a realização destes é o que mais importa para sua vida. Para alguns pode ser a segurança, a família, a saúde, a honestidade, o trabalho, o respeito, a gratidão, o propósito, a coragem, a liberdade, enfim, o que quer que seja importante para sua vida. Quando iniciamos um planejamento financeiro, geralmente começamos buscando saber os nossos valores e nossos objetivos.
Os objetivos são os resultados tangíveis que buscamos, enquanto os valores são os intangíveis que fazem a busca pelos objetivos ser genuinamente significativa para você. Você pode se perguntar por que fazer isso. Fazemos isso e buscamos essa harmonia entre valores e objetivos para auxiliar nas decisões financeiras, pessoais, profissionais, familiares importantes que tomamos. Ter a certeza de que o que queremos alcançar está de acordo com os nossos valores ou vai ao encontro deles é primordial para não nos arrependermos no futuro dessas decisões importantes.
Precisando de ajuda com as suas finanças pessoais? Quer identificar seus valores e objetivos? Está endividado, apertado, buscando dar um rumo seguro para o seu futuro financeiro? Não duvide em marcar um bate-papo inicial gratuito aqui.
Dúvidas ou sugestões? Gostaria de sugerir um tema ou assunto? Por favor, escreva para contato@euqueroprosperar.com.br
Um abraço e obrigado pela leitura!
Henrique Cintra Ribeiro, CFP®