Conhecendo detalhes do título público Tesouro Renda+

Um mergulho no título público direcionado para aposentadoria – Tesouro Renda+ (parte 1)

Tempo de leitura: pouco mais de 5 minutos 🙂

Ano passado, após ter ficado desde 2018 estudando e adquirindo experiência sobre planejamento financeiro de empresas e pessoas do Canadá e Estados Unidos, voltei minhas atenções para o mercado brasileiro. Grata surpresa conhecer o novo título público Tesouro Renda+. Vou esmiuçar as principais características deste novo instrumento de investimento que tem o objetivo de ajudar o brasileiro a pensar com mais carinho no seu futuro, principalmente na sua aposentadoria. 

Começo com alguns dados interessantes do próprio site do Tesouro Direto. Vocês sabiam que, segundo o IBGE e a Secretaria de Previdência Social, 46% dos aposentados afirmam que o valor da aposentadoria não é o suficiente para pagar as contas e despesas pessoais e que 89% dos brasileiros concordam que é muito importante investir para ter uma situação financeira confortável na aposentadoria?

Trago, então, uma pergunta: porque é tão difícil para nós, seres humanos, agir hoje para o bem do nosso futuro? Seja se exercitando ou economizando, por exemplo… Encontrei uma resposta interessante no livro The optimist’s telescope: thinking ahead in a reckless age, (O telescópio otimista: pensando à frente em uma era imprudente), de autoria da Bina Venkataraman. Segundo a escritora, a dificuldade reside no fato de que não conseguimos cheirar, tocar ou ouvir o futuro, já que ele é uma ideia que temos que construir na nossa mente, não é algo perceptível, sensível ou ao nosso alcance. Por outro lado, o que queremos agora ou hoje, isso sim conseguimos perceber ou sentir com maior clareza. Por exemplo, vestir uma camisa, calçar um sapato ou sentir a boca salivando quando queremos muito comer algo que gostamos.

Eu penso que isso faz sentido e, aliás, comprova que não somos seres tão racionais quanto pensamos, já que o imediato e o que está na nossa frente são mais facilmente perceptíveis do que a intangibilidade do futuro, mesmo que faça todo sentido para o nosso “eu” de amanhã guardar dinheiro hoje. E há um grande complicador: quando o dinheiro entra no jogo da vida, somos muito, mas muito mais emocionais do que imaginamos (conversa para outro texto).

Contrapondo a nossa capacidade de olhar para o amanhã, convido você, leitor, a pensar nos riscos de não se preocupar com o futuro, de não se pensar pelo menos no seu “eu” quando a aposentadoria chegar. Pensou? Como você se enxerga? O que você faz hoje, ou suas finanças atuais indicam que vai dar tudo certo daqui a 10, 15, 20 ou 30 anos? Você terá sua aposentadoria garantida com tranquilidade? Está tudo controlado? Ou você é daqueles que pensa, “sei nem se vou estar vivo!”? E qual a chance de uma nova reforma previdenciária vir por aí? Não seria mais prudente pensar em quantas novas reformas podem surgir? Isso te assusta? Faz refletir? Eu sou da opinião que deveríamos refletir, sim!

É por isso que  acho importante pensar no futuro e de como é indispensável agir hoje para garantir um valor quando o momento da aposentadoria chegar. Sei que não é fácil, mas, e se pudéssemos definir o valor exato de renda que queremos ter para a aposentadoria daqui a 15, 20, 30 anos ou, complementar, digamos, o INSS? Pois bem, o título público Tesouro Renda+ chegou para fazer exatamente isso! Esse título foi criado pelo Tesouro Nacional no final de 2022 com o objetivo claro de complementar a renda na aposentadoria, para além do INSS. 

Ok, Henrique, quero ter R$5.000,00 de renda quando me aposentar em 2035 ou complementar a minha renda com mais esse valor. Quanto preciso investir? Esse é o objetivo do texto de hoje e do próximo (dividi em duas partes para não ser cansativo). Vou mostrar como fazemos a simulação no próprio site do Tesouro Direto. 

O Tesouro Renda+

Primeiro vamos definir alguns detalhes. Vou usar como exemplo o Tesouro Renda+ 2035, pois é o que eu escolheria para o meu caso. Para descobrir o seu, acesse aqui RendaMais | Tesouro Direto. Existem dois períodos ou fases desse título público Tesouro Renda+: a fase de acumulação, que vai do momento que você decidir começar a comprar o título até o início do período de resgates/recebimentos ou usufruto – segunda fase, que no meu exemplo começa em 15 de janeiro de 2035 e dura por 20 anos ou 240 meses (até 15/12/2054). Agora respire fundo e imagine-se em 2054! Eita! Vou falar nada! 😀

Hoje, dia 03/02/2025 às 15:05 horário de Brasília esse título possui as seguintes informações abaixo:

A rentabilidade do título garante a variação do IPCA (índice de preços ao consumidor amplo), que é o nosso índice oficial de inflação, mais 7,42% ao ano (podemos chamar essa taxa de prêmio). Essa é a rentabilidade do título, nesse exato dia e hora, podendo mudar a qualquer momento (nos finais de semana, entretanto, os preços são apenas como referência; valerão as taxas apresentadas na abertura do mercado na segunda-feira ou próximo dia útil). Assim, se a inflação em 2025 for de 5%, sua rentabilidade será de 12,42% (7,42% + 5%) ao ano para os títulos que você adquiriu nesse momento da compra. Durante o período que estiver com esse título específico que comprou, o prêmio é fixo, o que muda é a inflação, e, como sabemos, vai depender da situação da economia brasileira. Amanhã ou daqui a um minuto, a rentabilidade pode ser outra, o que faz o prêmio ser maior ou menor, e isso também vai depender do gerenciamento da política macroeconômica do governo que estiver no comando do Brasil.

O investimento mínimo é o menor valor que você pode comprar desse título nesse momento, R$11,61. Se você buscar em preços e taxas dos títulos aqui  Preços e taxas dos títulos IPCA, Pré e Pós-fixados | Tesouro Direto, verá que o preço unitário desse título Tesouro Renda+ 2035, no momento que fiz a busca, é de R$1.161,00. Esse preço é calculado com base na rentabilidade definida e na data de vencimento. Se a rentabilidade cair, o preço do título vai aumentar, pois você precisará acumular mais dinheiro para garantir a manutenção dos seus  R$ 5.000,00 na fase de recebimento ou usufruto. 

Para entender a matemática por trás dos títulos públicos

Vamos exemplificar para simplificar: se aplicarmos R$1.000,00 com taxa de juros de 10% ao mês, ganharemos R$100.00 de juros ao fim do mês. Se, em vez de 10% a taxa caísse para 8%, já não ganharíamos os mesmos R$ 100,00, pois 8% de R$1.000,00 são R$80.00. Assim, para conseguir os mesmos R$1.100.00, com taxa de 8%, precisaríamos aplicar R$1.018,52 em vez dos R$1.000,00 iniciais. 

Por outro lado, se a taxa de juros fosse de 12%, precisaríamos só de R$ 982,14 para alcançar os mesmos R$1.100.00 em um mês. É o mesmo raciocínio nos títulos públicos. Por isso que quando as taxas de juros da economia (taxa Selic) aumentam, tomamos um susto porque vemos o valor dos nossos títulos diminuírem (no nosso exemplo, os R$982,14). Ou pulamos de alegria quando as taxas caem, pois os nossos títulos aumentam de valor (os R$1.018,52 do parágrafo anterior). No Tesouro Direto, entretanto, e isso vale para todos os títulos públicos, se investimos com o intuito de manter até o vencimento, não há porque se preocupar com o sobe e desce das taxas de juros, pois o que foi prometido será pago no vencimento!

Além disso, quanto mais deixarmos o tempo passar, maior será o esforço de aportes ou aplicações para alcançar o mesmo valor futuro que precisamos. Assim, se temos uma ano para juntar R$12.000,00 (desconsiderando juros, só pra facilitar) precisamos de 12 depósitos de R$1,000,00 por mês; se só tivermos 8 meses encurtando o prazo ou esperando pra começar depois, precisaremos ter depósitos de R$1,500.00 para cada um dos 8 meses, se ainda quiser acumular os mesmos R$12,000,00. Podemos afirmar que a matemática financeira de títulos públicos “brinca” com esses dois exemplos acima, claro que com cálculos e fórmulas bem mais complexas. 

Importância dos aportes

É por isso que como planejador financeiro oriento meus clientes a focar nos aportes que fazemos aos nossos investimentos (daí a necessidade de organizar as contas, assim, temos sobras para fazer aportes mensais). O valor ou o tamanho desses aportes e a constância durante um longo período de tempo é que viabilizam riqueza e prosperidade! Aliás, são esses fatores, aportes mensais e tempo, os quais realmente temos controle, pois não podemos alterar a rentabilidade dos investimentos. Trazendo um pouco do estoicismo para o texto, para quê se preocupar com o que não podemos mudar? 

E então, achou interessante? Quer fazer a simulação no site do Tesouro Direto? Acesse o site, tente simular você mesmo que na semana que vem trago a complementação do texto com vários detalhes importantes sobre o Tesouro Renda+.

Quer organizar suas contas para fazer sobrar e começar ou continuar a prosperar e melhorar o seu futuro ou sua aposentadoria? Marque um bate-papo inicial gratuito aqui.

Dúvidas ou sugestões? Gostaria de sugerir um tema ou assunto? Por favor, escreva para contato@euqueroprosperar.com.br 

Um abraço!

Henrique Cintra Ribeiro, CFP®

 

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